quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

AUTONOMIA?

Diante do fato abaixo, fiz uma reclamação formal ao Ministério da Educação (MEC) sobre o ocorrido - até por temer represálias em relação à renovação da matrícula de minha filha fora do prazo estipulado pelo CP2. Eis a resposta:

Prezado(a) Sr(a) Alexandre Gaspari Ribeiro ,

O protocolo de n° 466930, foi finalizado em 3/12/2009, às 10:32 pela área responsável.


Solução:
Prezado Sr. Alexandre;

Desde já agradecemos seu contato.

Entedemos que o sr. deseja obter liberdade de expressão (até mesmo corporal no tratar das vestimentas), mas infelizmente quanto à isso o MEC não pode se pronunciar. Não por descaso, mas sim, por se tratar de métodos da própria instituição. No caso da mesma, são regras impostas à todos com um objetivo que a própria instituição possui.
As instituiçoes de ensino e as secretarias estaduais possuem autonomia em algumas de suas ações e esta é uma delas.
Quanto à rematrícula e consultas online, o sr. poderia entrar em contato com a coordenação da instituição e propor tal serviço, informando-lhes que tal procedimento traria beneficio não só à ela, quanto aos pais dos alunos da mesma.

Grato por sua compreensão.

Thiago Diniz / Fala, BRasil / SEB-MEC

Para mais detalhes, favor entrar em contato com a Central de Atendimento do Ministério da Educação -Fala Brasil! pelo telefone 0800616161.
Colocamo-nos à disposição para atendê-lo(a).


O que me resta agora? Apelar ao Papa? Se o MEC, órgão que regula as ações dos colégios federais, diz não poder fazer nada por se tratar de "autonomia outorgada", resta-me acatar e voltar a ser humilhado, já que diálogo, como provei abaixo, não é o forte da "casa". Assim, só posso parafrasear o Julinho da Adelaide: "Chame o ladrão!"

Mas não vou desistir.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

VOCÊ É O QUE VOCÊ VESTE?

Neste primeiro post quero contar a "gota d´água" que me motivou a lutar por aquilo em que acredito em relação ao que se convenciona chamar "educação" - liberdade, respeito, democracia, participação.

Ontem, terça-feira, 1 de dezembro de 2009, foi o dia determinado pela direção do Colégio Pedro II Unidade S. Cristóvão para que pais ou responsáveis fossem até à escola para a renovação de matrícula - como se isso fosse realmente necessário em se tratando do fato de minha filha ter 15 anos e estar no nono ano do primeiro grau, ter carteira de identidade e CPF, o que a torna candidata a contribuinte. Mesmo questionando, fui. Isso após preencher ZILHÕES de formulários - foram SETE ASSINATURAS MINHAS NO TOTAL, e isso ocorrer praticamente TODOS OS ANOS - e tirar mais seis fotos 3x4 de minha filha. Como pedem fotos todos os anos e minha filha está há 9 anos lá, há um lindo "portrait" no CP2 com 54 fotos da minha pimpolha.

Mesmo tendo sofrido outras vezes o problema - "são normas do colégio" -, resolvi acreditar que, num calor escaldante no Rio de Janeiro, ir de bermuda jeans cerca de 5 dedos abaixo dos meus joelhos e sandália não seria problema. Afinal, a saia com a qual minha filha vai à escola - e não só a minha - é bem mais curta que isso. Fora mulheres, não estudantes, com saias curtas ou bermudas acima do joelho, que sempre vi circulando livremente nas instalações.

Mas, ledo engano, fui barrado. "De bermuda não pode", disse o segurança, cumprindo ordens "da direção". E depois de gritos, argumentações, humilhação explícita - questionei uma mulher que entrou com uma bermuda 5 dedos acima do joelho, e escutei de um dos seguranças que "ela era autoridade", e a própria, aos gritos, no corredor, me disse que eu sabia que a regra do colégio impedia que homens entrassem de bermuda -, consegui autorização para entrar, mas somente na unidade II - o CP2 de S. Cristóvão é dividido em 3 unidades: 1 (CA ao quinto ano), 2 (sexto ao nono ano) e 3 (segundo grau). Como minha filha está indo para o segundo grau, o segurança deixou claro que a Unidade 3 não havia autorizado minha entrada, e que eu voltasse no dia seguinte, "porque eles abririam uma exceção e fariam o favor de renovar a matrícula da minha filha no dia seguinte ao determinado por eles.

Saí e fiquei de voltar. Mas pensei bastante e resolvi não voltar hoje, quarta, 2 de dezembro, por 2 motivos: um, infelizmente não é o CP2 que paga as minhas contas, e tenho que trabalhar; dois, porque seria absurdo continuar aceitando essa imposição sexista, preconceituosa e machista. Minha filha pode mostrar as coxas; as mulheres em geral podem; os homens, não - aliás, sequer os tornozelos, já que a minha "bermuda do pecado" batia no meio da minha canela.

Este fato foi o estopim, mas não a única razão. Por isso convido a todos que conhecem o CP2 para participar desse movimento. Não quero libertinagem, não quero oba-oba, não quero ser recebido com tapete vermelho. Quero apenas que o CP2 seja democrático e se preocupe menos com roupas e mais com sua qualidade de ensino e infraestrutura. Olhem as notas da Prova Brasil, do Ideb e do Enem. E qualquer visita ao colégio é suficiente para ver o estado das instalações. Mas, homens, por favor: se forem de bermuda, ainda que seja aquela cargo, compridona... bem, vocês vão ficar a ver navios - e mulheres com roupas bem curtas entrando no colégio sem problemas.